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"Nunca confies em nada que pense por si próprio se não conseguires ver onde tem o cérebro" - Mr. Weasley

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Falando de HP e o Príncipe Misterioso


Vamos pôr as coisas em pratos limpos. Harry Potter e o Príncipe Misterioso só não é o melhor sexto filme de uma saga porque existe Rocky Balboa. Não fosse esse portento de Sylvester Stallone, e entraríamos de rompante nesta critica com a atribuição dessa faixa de campeão à obra de David Yates. No entanto, dizer que este é capaz de ser o segundo melhor sexto filme de sempre já não é nada mau. O filme de Yates é daqueles que dá vontade de procriar dia e noite, só para os levar tantos miúdos quanto possível ao Cinema a ver uma coisa destas. Porque é deste tipo de títulos que se constroem as boas memórias de infância. Vê-lo aos vinte, trinta, quarenta ou cinquenta não tem qualquer problema. Contudo, o encanto não será o mesmo. Sempre que subo um lanço de escadas penso como seria bom voltar atrás uns anos, quando subir era ainda mais fácil do que descer. Creio que Harry Potter e o Príncipe Misterioso terá sido o primeiro filme a provocar desejo semelhante. Até certo ponto, perdoem o possível desvario, as emoções originadas pelo mais recente capitulo da saga potteriana tiveram alguma ressonância com reacções provocadas por The Goonies, há duas décadas. Sim, a comparação está feita. Agora, apesar de a criança dentro de nós não nos abandonar, a verdade é que ela vai vendo muita coisa ao longo dos anos, e o efeito acaba por ser abafado por experiências prévias. Daí que a expressão seja memórias de infância, e não memórias de tudo e mais alguma coisa.



Ainda assim, que belo filme, senhoras e senhores. De longe, um dos melhores do ano. E, a confirmar uma das mais velhas máximas, as expectativas vinham bem lá em baixo, mesmo a rasar o chão. A segurança de Yates passa e de que maneira para todos os intervenientes, sobretudo para o trio de protagonistas. Só um misto de casting milagroso com uma sábia direcção de actores explica que três miúdos seleccionados há oito anos sejam capazes de interpretar na perfeição as personagens. Até parecem que sempre estiveram destinados a ser actores. A selecção de Yates, de que partes relatar e que partes deixar de lado, revelou-se também favorável ao desenrolar da película. Se o objectivo era traçar um ambiente medianamente sombrio, deixando espaço para um humor sóbrio de mãos dadas com o romance juvenil, então, a prova foi mais do que superada. Os apologistas da aventura poderão ver as suas expectativas defraudadas, sobretudo devido à omissão de um flashback com Dumbledore e Voldemort que teria trazido um pouco mais de suspense ao filme. A direcção artística da equipa às ordens de Andrew Ackland-Snow transporta-nos novamente para um universo credível em todos os cenários. Pode ser que à sexta seja de vez e Ackland-Snow não se fique pela nomeação aos prémios do Art Directors Guild. Já a fotografia de Bruno Delbonnel, é de ir às lágrimas. No bom sentido. Com duas nomeações aos Oscar, o francês poderá começar a planear uma terceira viagem em Los Angeles em Março do próximo ano. Resumindo e baralhando, até agora, a melhor surpresa do ano.


Crítica retirada da revista Premiere, edição de Julho de 2009

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